Umas das formas de ampliar a relação de afetividade do nosso estudante com seu espaço de vida é pela educação patrimonial. Ela se refere aos […] processos educativos formais e não formais, construídos de forma coletiva e dialógica, que têm como foco o patrimônio cultural socialmente apropriado como recurso para a compreensão sociohistórica (sic) das referências culturais, a fim de colaborar para seu reconhecimento, valorização e preservação. Assim, nosso objetivo aqui é propor uma atividade de educação patrimonial que possa ser desenvolvida com os seus estudantes fazendo uso do inventário patricipativo. Antes de o apresentarmos, contudo, há que explicitá-lo.
Em 2012, numa parceria entre o IPHAN e o Programa Mais Educação, da Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação, desenvolveu-se o Inventário Pedagógico, no intuito de fomentar atividades de educação patrimonial. Por demandas de diversos setores da sociedade civil, bem como de técnicos de diferentes superintendências do Iphan, o material passou por modificações. A partir dessa reformulação, o alvo primordial dos inventários participativos passou a ser a mobilização e sensibilização da comunidade para a importância de seu patrimônio cultural, por meio de uma atividade formativa que envolve produção de conhecimento e participação. (BRASIL, 2016, p. 6).
De acordo com o livro específico, a prática de inventariar um saber insere-se no processo de ampliar diálogos entre diferentes atores sociais. Este inventário é, primordialmente, uma atividade de educação patrimonial. Portanto, seu objetivo é construir conhecimentos a partir de um amplo diálogo entre as pessoas, as instituições e as comunidades que detêm as referências culturais a serem inventariadas. (FLORÊNCIO, 2016, p. 9). Assim, considerar as referências culturais de diferentes atores sociais, é essencial para constituir a educação patrimonial participativa e cidadã.
Acesse aqui o Inventário Participativo e Manual de Aplicação aqui.
No decorrer de nossa experiência utilizando inventários participativos, em projetos de educação patrimonial, verificou-se que desenvolver inventários de chás com fins curativos foi experiência bastante válida. A atividade proporcionou momentos descontraídos e interativos entre alunos e educadoras patrimoniais, marcados por boas risadas e divertimento na adivinhação dos chás. Além disso, é notável que se amplia a possibilidade de relação entre pessoas de diferentes gerações.
Segue o roteiro:
– Inicie abrindo diálogo sobre cultura, patrimônio cultural, cultura material e cultura imaterial. Aqui disponibilizamos Texto de Referência acerca da temática. O importante é que os estudantes compreendam que a cultura está em todos os espaços da vida e que não há pessoa sem cultura, bem como não há uma melhor ou pior.
– Em seguida, usando exemplos de bens culturais presentes na comunidade, peça que os estudantes apontem outros por eles conhecidos. O objetivo é atrelar o conceito à sua realidade cotidiana.
– Entreguem-se as fichas para que cada um se lance na aventura de inventariar um saber significativo em sua comunidade. Acesse aqui a Ficha de Inventário do Chá. Sugere-se lê-la e dirimir possíveis dúvidas. Solicite ainda que a pesquisa seja feita junto a pessoas mais idosas ou avós. Combine a data para entregar, considerando o tempo necessário para investigar – uma semana seria ideal.
– Já com as fichas em mãos, é momento de sistematizar. Nossa proposta é que se faça uma tabela, elencando as ervas citadas com maior frequência, bem como uso indicado. Expomos a sistematização com o resultado das fichas restituídas pelos estudantes da instituição Pingo de Gente, na cidade de Andirá (Paraná).
– Ao recolhê-las, pode-se fazer, também, uma oficina sensorial, com diferentes ervas, prefencialmente, de cheiro forte: canela em pau, erva-doce, hortelã, erva-cidreira, losna, etc.. Com todas já dispostas, individualmente, em copinhos plásticos, de olhos vendados, cada um tenta advinhar qual é pelo cheiro. Depois, podem ser ofertados diferentes tipos de chás, dos quais, ainda com venda, cada qual deve tentar reconhecer o aroma e apontar o que pensa ser.
– Outra possibilidade é propor que, em conjunto, contribuam para construir uma horta na escola ou em praça pública, onde se plantem algumas das ervas indicadas no inventário.
O Inventário Participativo tem-se mostrado importante instrumento nas atividades de educação patrimonial na medida em que possibilita a descoberta e o registro do conjunto de referências culturais, constitutivas do patrimônio da comunidade, do espaço ocupado por quantos façam parte.
Desse modo, no esforço de ampliar a utilização da metologia, facultamos sua aplicação como forma de registrar um patrimônio comunitário, mostrando este trabalho já desenvolvido por nossa equipe de educação patrimonial, que se mostrou efetiva no processo de mobilização e sensibilização de um determinado grupo para o seu patrimônio cultural através da produção e participação de todos.