O curso do Rio Marrecas transcorre sobre uma região geográfica que apresenta aspectos comuns às terras altas do sul do Brasil, conhecido como Planalto Meridional Brasileiro. Contando com altitudes que variam entre 500 e 1200 metros, a estrutura do relevo onde foi realizada a pesquisa é conhecida na literatura como Terceiro Planalto Paranaense, que, por sua vez, abrange diversas subunidades, entre as quais está o Planalto do Pitanga/Ivaiporã. Por ser uma região de alto potencial arqueológico, já foram identificados diversos sítios arqueológicos, principalmente relacionados aos grupos caçadores-coletores e indígenas pertencentes à família linguística Jê meridional.
Nesta região está localizado Turvo, município que tem seu território cortado pelo Rio Marrecas, sendo também conhecido por possuir uma das maiores reservas nativas de pinheiro do Paraná, cientificamente conhecida por Araucária Angustifolia.
Foi neste ambiente, que a equipe de pesquisadores da Espaço Arqueologia colocou em prática o projeto de prospecção arqueológica, especificamente nas áreas de implantação/ampliação da Pequena Central Hidrelétrica (PCH) Boa Vista II. A etapa é prevista na Portaria do IPHAN nº 230/2002, referente as ações de caminhamento para verificação da superfície do terreno e a escavação de poços-teste com cavadeira articulada para a investigação da subsuperfície. O objetivo principal nesta etapa de pesquisa consiste em procurar por vestígios que possam levar a identificação de sítios arqueológicos. No entanto, após a realização das atividades descritas, nenhum vestígio arqueológico foi identificado na área da PCH Boa Vista II.
Outra atividade relevante realizada no âmbito desta pesquisa, consistiu na realização das ações de esclarecimento e divulgação da pesquisa junto aos colaboradores que trabalham nas imediações do empreendimento. Nas atividades foram prestados esclarecimentos sobre a pesquisa em curso, bem como, foram distribuídos materiais didático-informativos com conteúdo voltado para o desenvolvimento das pesquisas arqueológicas no âmbito dos processos de licenciamento ambiental e a importância da preservação do patrimônio arqueológico.
Durante o mês de fevereiro de 2019 acontece a realização de atividades de Educação Patrimonial com os alunos de uma escola próxima à área da PCH Boa Vista, com objetivo de comunicar à comunidade escolar da região sobre a realização desta pesquisa, contribuindo desta forma para o conhecimento e a necessidade de preservação do patrimônio cultural.