Do ponto de vista da arqueologia, o litoral norte catarinense apresenta um histórico de pesquisas arqueológicas bastante antigo. Nas primeiras décadas do século XX, pesquisadores como Guilherme Tiburtius e o Geólogo João José Bigarella iniciaram seus estudos sobre os sambaquis presentes nesta região.
Seguindo os passos destes primeiros pesquisadores, o Padre João Alfredo Rohr, a partir do ano de 1958, e o Professor Walter Piazza, seguiram na tarefa de continuar as pesquisas arqueológicas acerca dos sambaquis do litoral catarinense, principalmente, em relação à luta pela preservação destes sítios arqueológicos, já que muitos estavam sendo destruídos com a exploração do material conchífero para pavimentar ruas, e seu aproveitamento pela indústria na produção de cal para construção civil.
Novas problemáticas de pesquisa em arqueologia passaram a ser levantadas sobre este contexto a partir da década de 1990, consequência das pesquisas realizadas por outros pesquisadores no Brasil e no exterior e, novos levantamentos arqueológicos foram intensificados, reflexo da formulação e aplicação de uma legislação ambiental que passou a inserir as pesquisas arqueológicas nos processos de licenciamento ambiental de empreendimentos. Este último fator foi importante para ampliar o panorama sobre a pesquisa arqueológica na região, pois não restringe mais a pesquisa arqueológica aos sambaquis.
Na esteira desta dinâmica, buscando oferecer meios de preservação do patrimônio arqueológico, foram estabelecidos novos instrumentos de regulamentação das pesquisas arqueológicas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), como a Portaria nº 230/2002 e mais recentemente a Instrução Normativa nº 001/2015, as quais estabelecem os procedimentos à serem observados na execução dos projetos de pesquisa arqueológica no âmbito dos programas de licenciamento ambiental de empreendimentos.
Neste sentido, uma equipe de pesquisadores da Espaço Arqueologia, executou o Projeto de Avaliação de Impacto ao Patrimônio Arqueológico na Área de implantação do Loteamento Central Park, à ser instalado na região do litoral norte do Estado de Santa Catarina.
Considerando os resultados publicados pelos pesquisadores acima mencionados ao longo de sua trajetória, bem como os trabalhos de outros pesquisadores, a equipe de arqueólogos da Espaço Arqueologia tratou esta área como de alto potencial arqueológico.
Em campo, foram empreendidos os caminhamentos e a escavação de poços-teste, com objetivo de cobrir toda a área de pesquisa, conforme a metodologia prevista em projeto. Contudo, nenhum vestígio arqueológico foi identificado nas áreas de influência do empreendimento.
Não obstante, com o intuito de promover a preservação do patrimônio arqueológico, a equipe de pesquisadores percorreu os bairros situados nas proximidades da área de instalação do Loteamento Central Park, no município de Itapoá/SC, para realizar a divulgação desta pesquisa junto aos moradores locais, assim como, junto aos responsáveis pela implantação do empreendimento. Na oportunidade, foram distribuídos aos participantes desta atividade, dois materiais didático-informativos, sendo um folder tratando das etapas da pesquisa arqueológica no âmbito dos programas de licenciamento ambiental e um segundo folder com informações teóricas e gráficas acerca das pesquisas sobre o histórico de ocupação humana no litoral catarinense.
Sendo assim, consideramos os dados obtidos por meio do desenvolvimento deste estudo, como de suma importância para a continuidade das pesquisas arqueológicas iniciadas pelos primeiros pesquisadores nesta região.