Pesquisa é realizada no curso do Rio Areia, região Centro-Sul do Paraná.

Projeto de Avaliação de Impacto ao Patrimônio Arqueológico é realizado nos municípios de Pinhão, Inácio Martins e Cruz Machado, no Paraná.
2 de junho de 2020
Aproveitamento hidrelétrico do médio curso do Rio Areia é objeto de estudo arqueológico.
24 de junho de 2020

Duas ocorrências de material lítico foram identificadas no decorrer dos estudos de Avaliação de Impacto ao Patrimônio arqueológico de empreendimento hidrelétrico.

Situada na região centro-sul do Estado do Paraná, a área da pesquisa está inserida em uma paisagem que tem como principal elemento o curso do Rio Areia, afluente do Rio Iguaçu. Desta forma, desde os tempos remotos, a riqueza ambiental da região representa um atrativo essencial para o assentamento de grupos humanos – fato que pode ser observado pela grande quantidade de sítios arqueológicos já registrados na região, mais precisamente, no território que envolve os municípios de Pinhão e Cruz Machado.

De acordo com as informações disponíveis no banco de dados do Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos (CNSA/IPHAN), existem 24 sítios arqueológicos registrados no município de Cruz Machado e 68 sítios no município de Pinhão, os quais indicam que a região foi amplamente ocupada por populações de caçadores antigos e por grupos ceramistas em tempos mais recentes.

Diante desse cenário, no âmbito de um projeto de Avaliação de Impacto ao Patrimônio Arqueológico, uma equipe da Espaço Arqueologia identificou duas áreas com ocorrência de material arqueológico, mapeadas nas áreas de influência da PCH Pinhalzinho, empreendimento hidrelétrico projetado para ser instalado no curso do Rio Areia. Os 2 artefatos líticos lascados foram identificados isoladamente sobre a superfície do solo e têm como matéria-prima o basalto.

Vale destacar que as áreas de ocorrência arqueológica são aquelas onde os vestígios materiais encontrados não são suficientes para caracterizar um sítio arqueológico. Isso acontece devido à ausência de outros elementos no ambiente, não permitindo o estabelecimento de uma contextualização mesmo que primária sobre a área onde foram identificados os vestígios. Esses elementos estão ligados aos aspectos que envolvem à conformação do relevo, acesso aos recursos hídricos, vestígios de carvão, concentrações de materiais e elementos que permitam comparações com outros sítios mapeados na mesma área de pesquisa, envolvendo aspectos da paisagem, além dos materiais.

Esta forma de abordagem encontra amparo na Portaria do IPHAN nº 316/2019, mais especificamente no § 2º art. 7º, o qual reza que “os vestígios arqueológicos cuja contextualização for impossibilitada em razão da inexistência ou insuficiência de elementos que permitam interpretá-los enquanto integrantes de um sítio arqueológico, poderão ser cadastrados como Bem Arqueológico Móvel (BRASIL, 2019)”. Depois de coletados, os materiais passaram pela fase de curadoria e análise em laboratório. Após a realização das etapas descritas, os materiais serão encaminhados para a Instituição de Guarda apoiadora do estudo.

Paralelamente as atividades de campo, foram realizadas ações de esclarecimento e divulgação junto aos moradores sediados nas áreas mais próximas ao empreendimento. Nessas atividades, foram prestados esclarecimentos sobre a necessidade de realização da pesquisa arqueológica, destacando a importância da continuidade das pesquisas científicas para a preservação do patrimônio arqueológico. Na oportunidade, foram distribuídos materiais didático-informativos, compostos por dois folders, um com conteúdo referente as etapas da pesquisa arqueológica no âmbito dos processos de licenciamento ambiental e outro folder contendo informações sobre os principais aspectos culturais envolvendo os grupos humanos que habitaram o planalto meridional brasileiro antes da chegada dos europeus.

Estas ações objetivaram a socialização dos resultados das pesquisas arqueológicas junto à comunidade, despertando o interesse pelo tema e a necessidade de preservação do patrimônio arqueológico.

Por fim, destacamos que todas as atividades descritas ocorreram em razão do desenvolvimento da etapa de avaliação de impacto ao patrimônio arqueológico, prevista na Instrução Normativa do IPHAN nº 001/2015, no âmbito do processo de licenciamento ambiental. Nesta etapa, o principal objetivo é a avaliação das áreas de influência do empreendimento, por meio de pesquisas bibliográficas e levantamentos de campo, com caminhamentos para as verificações de superfície e a escavação de poços-teste com cavadeira articulada para as verificações de subsuperfície. Todo o processo é registrado em fotografias digitais e em texto contendo informações sobre os aspectos da paisagem e dos compartimentos ambientais prospectados.
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