Bem natural de importância vital aos seres humanos, os cursos d’água de pequeno, médio e grande porte e seus entornos são locais com alto potencial arqueológico. Essas áreas eram frequentemente escolhidas desde tempos remotos para o desenvolvimento de atividades humanas, já que satisfaziam necessidades econômicas como alimentação e moradia.
Constatações como essa são fruto do histórico de anos de pesquisas arqueológicas nesses ambientes, que revelam sítios arqueológicos compostos por testemunhos materiais das mais variadas tipologias: desde vestígios líticos, como pontas de flecha, machados de pedra, estruturas de fogueiras, vestígios de fragmentos de cerâmica indígena e até mesmo casas de piso rebaixado, também conhecidas na literatura arqueológica como casas subterrâneas. Antes de ir à campo, é preciso que arqueólogos e arqueólogas estejam atentos à essas informações, para a escolha correta de sua metodologia e a qualidade dos resultados de sua pesquisa.
Dentro deste cenário, uma equipe de pesquisa de campo composta por arqueólogos da Espaço Arqueologia foi até o município de Pitanga, região central do Paraná. A pesquisa ali realizada faz parte da etapa de avaliação de impacto ao patrimônio arqueológico, prevista na Instrução Normativa do IPHAN nº 001/2015, parte do processo de licenciamento ambiental da CGH Santo Antônio II, empreendimento do setor hidrelétrico a ser instalado no curso do Rio Borboleta.
Conforme previsto no projeto de pesquisa, as ações de campo foram desenvolvidas por meio de linhas de caminhamento e a escavação de poços-teste alocados por todas as áreas do empreendimento, sendo que como resultado desta pesquisa, nenhum vestígio arqueológico foi identificado.
Próximo da área investigada, ações de divulgação e esclarecimento junto aos moradores buscaram informar sobre a necessidade da pesquisa arqueológica, destacando a importância da preservação do patrimônio arqueológico. Na oportunidade, foram distribuídos materiais didático-informativos, compostos por dois folders, um com conteúdo referente às etapas da pesquisa arqueológica nos processos de licenciamento ambiental, e outro contendo informações sobre os principais aspectos culturais envolvendo os grupos humanos que habitaram o planalto meridional brasileiro antes da chegada dos europeus.
Essas ações objetivaram a socialização dos resultados junto à comunidade, despertando o interesse pelo tema e a necessidade de preservação do patrimônio arqueológico. Outra forma de compartilhar o conhecimento gerado nas pesquisas arqueológicas consistiu na publicação dessa nota nas redes sociais da Espaço Arqueologia (Site, Facebook e Instagram), de forma que o público em geral possa ter acesso à informação, principalmente no contexto pandêmico atual.