Paraná: Região do Norte Pioneiro recebe pesquisas arqueológicas

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Pesquisas foram realizadas em áreas destinadas à implantação de empreendimentos imobiliários.

A expressão Norte Pioneiro refere-se à um conceito geográfico originado a partir do processo de colonização da região norte do Estado do Paraná, entre o final do século XIX e início do século XX, no contexto da expansão da cafeicultura sobre as terras férteis localizadas nos vales dos grandes rios, principalmente os rios Paranapanema e Tibagi.

No ano de 1925, a companhia inglesa que, posteriormente, seria a “Companhia de Terras Norte do Paraná” (CTNP) adquiriu uma área do Estado do Paraná que abrangia desde a margem esquerda do rio Tibagi até além dos limites à oeste desta bacia hidrográfica. A partir de 1929-30 houve a colonização mais intensiva de todo o norte paranaense, com a instalação do escritório da companhia em Londrina, que iniciou a venda dos lotes em uma ocupação pautada na cultura cafeeira, baseada na estrutura fundiária de pequenas propriedades. Esta foi então, a gênese de muitos municípios, localizados nesta região, como Londrina, Cornélio Procópio, Ibiporã, Jataizinho, Assaí, Uraí, São Jerônimo da Serra, entre outros.

Este contexto provocou tensões sociais nesta região naquela época, pois colocou em situação de conflito, por um lado, os grupos indígenas, com seu modo de vida tradicional e os contingentes de colonizadores recém chegados de outro. Nesta esteira, ocorreu a criação do Serviço de Proteção aos Índios e Localização de Trabalhadores Nacionais (SPILTN), em 1910, que tinha por objetivo intermediar as relações entre indígenas e trabalhadores nacionais, culminando com a criação do Povoamento Indígena de São Jerônimo.

Em face do longo histórico de ocupação humana desta região, a arqueologia como ciência, volta-se à pesquisa sobre os testemunhos materiais remanescentes deste passado, objetivando, através do estudo dos vestígios materiais encontrados nos sítios arqueológicos, trazer novos elementos de pesquisa que contribuam para o estabelecimento de analogias ou dessemelhanças em comparação com outras fontes históricas, como os documentos escritos.

Desta forma, as equipes da Espaço Arqueologia realizaram a etapa de avaliação de impacto ao patrimônio arqueológico, prevista na Instrução Normativa do IPHAN nº 001/2015, sobre as áreas dos loteamentos Ibiporã, localizada no município homônimo e, loteamentos Uberaba, Sul e Tulipas, localizados no município de Londrina. Nesta etapa de pesquisa, o principal objetivo consiste na avaliação das áreas de influência dos empreendimentos, por meio de pesquisas bibliográficas e levantamentos de campo, compostos por linhas de caminhamentos para as verificações de superfície e a escavação de poços-teste com cavadeira articulada para as verificações da subsuperfície do terreno.

Para a região estudada, o panorama arqueológico conta com o registro de vários sítios arqueológicos inseridos no Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos (CNSA-IPHAN). Estes sítios foram mapeados entre os anos de 1971 até o ano 2016, por meio da realização de diversas pesquisas arqueológicas. Como resultado das pesquisas realizadas nas áreas destes empreendimentos imobiliários, nenhum vestígio arqueológico foi identificado em suas poligonais de delimitação.

Ainda no âmbito deste projeto, foram realizadas ações de esclarecimento e divulgação da pesquisa junto a alguns moradores sediados nas áreas mais próximas aos empreendimentos. Nestas atividades foram prestados esclarecimentos sobre a necessidade de realização das pesquisas arqueológicas, bem como, enfatizado a importância das pesquisas científicas para a preservação do patrimônio arqueológico.

A todos que participaram destas atividades foram distribuídos dois materiais didático-informativos, sendo o primeiro, composto por conteúdo referente as etapas da pesquisa arqueológica no âmbito dos processos de licenciamento ambiental e, um segundo folder contendo informações teóricas e gráficas abordando os principais aspectos culturais dos grupos humanos que habitaram o planalto meridional brasileiro antes da colonização europeia do território.

Estas ações objetivaram a socialização dos resultados das pesquisas realizadas, procurando aproximar a arqueologia do cotidiano das pessoas.
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