Avaliação de Impacto ao Patrimônio Arqueológico em Viamão, Rio Grande do Sul

Estudantes no litoral sul de Santa Catarina recebem oficina de cerâmica
23 de novembro de 2022
Pesquisa em área de futuro empreendimento imobiliário no litoral catarinense
6 de dezembro de 2022

Estudo faz parte de projeto desenvolvido em futura área de mineração.

Assim como em praticamente todo o território brasileiro, as pesquisas arqueológicas no Rio Grande do Sul começaram a ser desenvolvidas de forma sistemática a partir da década de 1960, com a iniciativa de professores universitários e, também, por meio do Programa Nacional de Pesquisas Arqueológicas (PRONAPA), patrocinado pelo Smithsonian Institute, dos Estados Unidos da América.

Entre 1960 e o final dos anos 1990, as pesquisas arqueológicas no Rio Grande do Sul foram, quase que exclusivamente, realizadas por grupos de pesquisa vinculados às universidades. A partir da década de 2000, com a publicação da Portaria IPHAN ° 230/2002, as avaliações arqueológicas passaram a fazer parte do rol de estudos solicitados em processos de licenciamento ambiental, fazendo crescer substancialmente o número de projetos de pesquisa em diferentes regiões, as quais, começam a ser abrangidas por estudos arqueológicos.

Ao longo desses 60 anos, as diferentes pesquisas realizadas contribuíram para o conhecimento que se tem atualmente sobre a arqueologia do Rio Grande do Sul e para a construção de um panorama cultural e cronológico sobre a ocupação humana desse território, que pode ser resumido da seguinte forma:

Ocupação de pescadores-caçadores-coletores na faixa litorânea (construtores de sambaquis e dos cerritos); caçadores-coletores nos campos e vales dos grandes rios; populações Jê e Guarani nos domínios morfoclimáticos recobertos por florestas subtropicais e nas porções central e norte do litoral sul rio-grandense.

É no litoral central que se localiza o município de Viamão, onde a Espaço Arqueologia realizou pesquisas no âmbito do projeto de Avaliação de Impacto ao Patrimônio Arqueológico sobre uma área em que se pretende realizar mineração de areia.

A pesquisa levou em conta o grande potencial arqueológico da região, principalmente para a ocorrência de sítios compostos por concentrações de cerâmica da Tradição Tupiguarani. Por isso, foram realizados caminhamentos sistemáticos e avaliações intensivas sobre a área do futuro empreendimento, os quais foram complementados pela escavação de uma malha de poços-teste, em todo o terreno.

Como resultado da pesquisa, não foram identificados vestígios arqueológicos e, segundo o arqueólogo coordenador de campo, Raul Viana Novasco, é possível que a não existência de sítio no local esteja associada à pouca disponibilidade de recursos hídricos. De acordo com o pesquisador “A área apresenta características topográficas comuns aos locais em que geralmente se encontram sítios arqueológicos da Tradição Tupiguarani, contudo, está localizada a, aproximadamente, um quilômetro de distância da fonte de água mais próxima, e isso pode tornar esse local pouco atrativo para o estabelecimento de ocupações humanas no passado. ”

Raul ainda destaca a importância de estudos preventivos como esse. Nas palavras do arqueólogo: “Apenas com a realização de estudos prévios, como esse, será possível identificar e estudar sítios arqueológicos nas mais diversas localidades e regiões do estado do Rio Grande do Sul que, apesar de já ter sido palco de importantes pesquisas, ainda guarda importantes informações acerca do passado, seja ele mais recente ou mais longínquo”.
SOLICITE ORÇAMENTO