Segundo o arqueólogo Thiago Torquato, responsável pela análise do acervo do sítio, os atributos tecnológicos encontrados no material lítico demonstram que a fonte de matéria-prima eram os grandes blocos de rocha que afloram no local. O arqueólogo afirma, ainda, que nos sítios arqueológicos da região, é mais comum encontrar conjuntos líticos produzidos a partir da exploração de seixos rolados, que são encontrados com certa facilidade no leito dos rios.
Sobre a exploração dos blocos em afloramentos, Torquato explica que “o início do lascamento se dá com a sua ‘abertura’, onde outro bloco de tamanho, densidade e peso semelhante ou superior, é jogado/percutido contra aquele que se pretende explorar. Essa ‘abertura’ é fundamental para a criação de ângulos que permitam a obtenção de lascas e núcleos que passarão pelo processo de formatação até se chegar ao instrumento planejado”.
Valdir Schwengber, arqueólogo coordenador da pesquisa complementa destacando que “a existência de uma área de exploração de blocos em afloramentos denota uma ampla e diversificada utilização do território por parte das populações pré-coloniais”. Para o pesquisador “a busca por matéria-prima em afloramentos, onde há grandes blocos, pode indicar a necessidade de fontes de exploração para a produção de instrumentos maiores que, na exploração de seixos, não é possível obter”.
Schwengber conclui afirmando que “estudos voltados para aspectos tecnológicos do acervo arqueológico proveniente das escavações, são fundamentais para que se possa avançar na construção de quadros regionais de ocupação, uma vez que fornecem informações que tratam das diferentes estratégias de transformação dos recursos disponíveis e captados pelas populações humanas do passado”.