Durante a pesquisa de campo, os arqueólogos percorreram toda a extensão da área delimitada, utilizando-se da metodologia prevista no projeto, com a execução de linhas de caminhamento sistemático e a escavação de poços-teste para a verificação da superfície e da subsuperfície do terreno, em busca de vestígios arqueológicos.
Como já era de conhecimento da equipe de pesquisa, a área deste estudo conta com a delimitação e registro de um sítio arqueológico pré-colonial denominado SC-ARA-007, identificado no início da década de 2000, composto por manchas de sedimento escurecido e fragmentos cerâmicos, característicos dos modos de vida dos grupos Guarani que habitaram a região. No intuito de atualizar o cadastro do sítio, e apresentar informações detalhadas ao IPHAN sobre seu estado de conservação e situação em relação ao empreendimento, a equipe realizou uma nova delimitação de suas áreas de influência, com a aplicação de malhas de poços-teste, definição de poligonal com uso de GPS e drone.
Na sequência dos trabalhos, os pesquisadores encontraram um outro local contendo um significativo conjunto de fragmentos cerâmicos, de diversos tamanhos, formas e decorações dispersos sobre a superfície do solo, indicando um espaço de ocupação pretérita. Logo, conclui-se que se tratava de um sítio arqueológico inédito, também composto por cerâmica Guarani. Da mesma forma, os pesquisadores realizaram os procedimentos de registro e delimitação deste sítio arqueológico, de modo que as informações extraídas pudessem subsidiar o preenchimento da ficha de cadastro para registro do sítio junto ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).
No âmbito de realização dos estudos arqueológicos, também foram realizadas ações de divulgação da pesquisa junto aos moradores sediados nas áreas próximas ao empreendimento, conforme previsto no projeto. Nestas atividades foram prestadas informações sobre a arqueologia de modo geral, sobre a necessidade de realização desta pesquisa, assim como, foram prestadas informações sobre os sítios arqueológicos existentes na região, os quais são protegidos por lei. Nestas ações foram distribuídos materiais didático-informativos com conteúdos relacionados as etapas da pesquisa arqueológica no âmbito dos processos de licenciamento ambiental e sobre o processo de ocupação humana do litoral catarinense.
Conforme destaca o arqueólogo Alessandro De Bona Mello, um dos responsáveis pela pesquisa: “Esta área foi objeto de estudos há menos de 10 anos, por outras equipes, contudo, os resultados que obtivemos demonstram que, além de investigar novas áreas, também é importante revisitar aquelas pesquisadas anos atrás, em diferentes contextos.
Valdir Schwengber, coordenador geral da pesquisa acrescenta que “Os estudos realizados sobre os sítios arqueológicos nesta região, assim como, as atividades de socialização da pesquisa junto à comunidade local, trazem resultados muito positivos, pois, despertam o interesse pelo tema, bem como, contribuem para a preservação do patrimônio arqueológico”.