As pesquisas arqueológicas desenvolvidas no contexto de floresta amazônica no estado de Rondônia, pela equipe de investigadores da Espaço Arqueologia, trazem novas contribuições para o entendimento dos grupos ceramistas que habitaram a região do atual município de Ariquemes. O sítio arqueológico Rio Pardo 1, escavado no contexto da arqueologia preventiva do empreendimento da PCH Canaã, é protagonismo nesta fase das investigações.
Mais de dois mil artefatos arqueológico, entre fragmentos cerâmicos e líticos, ajudam a contar a história de um grupo humano que viveu às margens do Rio Pardo por volta do ano 1300 de nossa era. Fazendo uso de tecnologias de pedra polida – aplicada em produzir lâminas de machado – e a modelagem da argila – em pastas cerâmicas, que elevadas a temperaturas de queima possibilitaram usar vasilhames cerâmicos este grupo marcou sua presença no território e desenvolveu seu modo de vida.
Os estudos de tecnologia, gestualidade e funcionalidade possibilitaram identificar, no grande conjunto de fragmentos cerâmicos, opções tecnológicas aplicadas para superar os limites impostos pelas matérias-primas e obter diferentes morfologias de vasilhas para serem usadas nas mais diferentes atividades domésticas, em especial no processamento de alimentos sobre o fogo.
As morfologias de vasilhames, associadas às técnicas de produção, marcam elementos culturais que fazem deste sítio um importante marco para discutir a diversidade cultural já identificada pelos linguistas e etnógrafos, que estudaram a região pois, estas são, até o presente, um conjunto único e sem filiação cultural conhecida, podendo ser relacionado a grupos étnicos que habitaram a região desde períodos mais recuados cujas investigações ainda não apontam paralelos.
Não menos importante são as lâminas de machado em pedra polida, que colocam o sítio Rio Pardo 1 no cenário regional, dada a exploração das matérias-primas, e sua relação com grandes blocos de rochas com marcas de abrasão.
O uso de ferramentas como machados, indica, claramente, a adaptação a um ambiente de floresta, como o amazônico, onde as áreas de uso doméstico ou os espaços para a produção e/ou manejo de espécies vegetais sofrem intervenções de cortes ou abatimento de árvores para liberar as áreas. Também se associam os machados às atividades de produção de implementos e ferramentas de uso cotidiano.