A Baía da Babitonga, localizada no litoral norte de Santa Catarina, constitui um importante ambiente de transição entre rio e mar, caracterizado por uma rica diversidade biológica composta por florestas de terras baixas, restinga e formações de manguezal.
Este ambiente, conhecido como complexo estuarino, abrange os municípios de São Francisco do Sul, Balneário Barra do Sul, Araquari, Joinville, Garuva e Itapoá, e conta com registros de ocupação humana há pelo menos 6.000 anos A.P. (Antes do Presente) devido, principalmente, a riqueza ambiental desta área, com oferta de água, alimentos e abrigo, fatores que certamente favoreceram a escolha deste ambiente por populações antigas.
Neste ambiente já foram identificados inúmeros sítios arqueológicos, dentre os quais se destacam os sítios sambaquis, formados a partir do acúmulo de conchas e sedimento, os quais tinham função de habitação, marco territorial na paisagem e local de sepultamento dos mortos. Por se tratar de um território de extrema relevância do ponto de vista arqueológico, é imprescindível submete-lo à pesquisa científica para alinhar a melhor forma de implantar um novo empreendimento sem afetar o patrimônio arqueológico.
Sendo assim, a equipe de pesquisadores da Espaço Arqueologia empregou técnicas, conforme previsto na metodologia do projeto, com execução de linhas de caminhamento sistemático, referentes à observação da superfície do terreno, e escavação de poços-teste, condizente com a perfuração do solo em pontos pré-definidos para investigar a presença de vestígios antrópicos. As ações foram realizadas nas áreas de influência do empreendimento imobiliário Loteamento Paysage Espinheiros – Condomínios I, II e III, à ser instalado no bairro Espinheiros, no município de Joinville-SC.
Como resultado, nenhum sítio arqueológico inédito foi identificado na área do empreendimento. No entanto, nas proximidades da área do empreendimento existem alguns sítios arqueológicos de tipologia sambaqui já registrados e cadastrados no Sistema Nacional de Informações Culturais (SNIC), acessível na plataforma do IPHAN na internet.
Um deles é o sítio arqueológico sambaqui Ilha dos Espinheiros I, mapeado na década de 1960 pelo Professor Walter Fernando Piazza. No local, a equipe constatou que o patrimônio encontra-se coberto por vegetação e está sinalizado com placas de identificação, contendo informações sobre seu estado de proteção legal em âmbito municipal, estadual e federal, ação desenvolvida por meio do Projeto “Geoprocessamento Aplicado à Preservação dos Sambaquis de Joinville”, uma iniciativa do Museu Arqueológico de Sambaqui de Joinville, com objetivo de promover a preservação dos sítios arqueológicos existentes naquela região.
Outra atividade relevante realizada na ocasião, consistiu na realização de ações para o esclarecimento e a divulgação da pesquisa junto à comunidade do entorno do empreendimento e no Museu de Sambaqui de Joinville. Nas atividades foram distribuídos materiais didático-informativos com conteúdo voltado para o desenvolvimento das pesquisas arqueológicas nos processos de licenciamento ambiental e a importância da preservação do patrimônio arqueológico.