Conforme consta no sistema eletrônico de informação do IPHAN (2020), o museu está alocado numa edificação construída entre os anos de 1842 e 1845 pela família Lacerda, em linguagem luso-brasileira, com cobertura de três águas, ou três planos inclinados de telhado, característica de casarões (solares) em que viviam as famílias de classe média alta no século XIX. A casa Lacerda, como é mais conhecida na região, apresenta características peculiares, com paredes, móveis e objetos pessoais preservados para exposição pública. Doada ao IPHAN na década de 1980, a edificação que abriga o museu recebe exposições temporárias, cursos e atividades oferecidas à comunidade local.
A história da casa Lacerda está ligada, também, ao episódio da Revolução Federalista, que durou de fevereiro de 1893 a agosto de 1895. Originada da crise política provocada pelos federalistas, o grupo opositor pretendia libertar o Rio Grande do Sul da governança de Júlio de Castilhos, então presidente do estado, e conquistar maior autonomia, bem como descentralizar o poder da então recém proclamada República. Porém, a guerra foi vencida pelos seguidores “legalistas” de Júlio de Castilhos.
No chamado “Cerco da Lapa”, em 1894, houve um sangrento conflito entre as tropas republicanas (“pica-paus”) e federalistas (“maragatos”) e no lugar onde ocorreu a batalha foi inaugurado, em 7 de fevereiro de 1944, o Panteão dos Heróis (Panteon dos Heroes), para abrigar os corpos dos soldados das forças republicanas que morreram no conflito, além de bustos dos comandantes militares da época. O monumento é protegido permanentemente por uma guarda de honra do Exército Brasileiro. Em frente ao Panteão fica a Casa Lacerda.
É neste contexto de guerra, que imortalizou-se a figura do coronel Joaquim de Rezende Correia de Lacerda, pois seu casarão serviu como quartel da 2° Brigada das tropas legalistas durante a Revolução Federalista de 1894. No dia 11 de fevereiro do mesmo ano, na sala principal, foi assinada a Ata de Capitulação da cidade da Lapa pelo coronel Joaquim de Lacerda, comandante em exercício das forças legalistas após a morte, em combate, do general Gomes Carneiro, fato este que motivou o seu tombamento, pelo IPHAN, em 1938.