Estudos são realizados nas áreas de influência das obras de uma importante rodovia no Paraná

Ilha de Santa Catarina é cenário de pesquisa subaquática e terrestre
10 de janeiro de 2024
Pesquisa arqueológica na Serra Catarinense
21 de fevereiro de 2024

Projeto de Avaliação de Impacto ao Patrimônio Arqueológico é realizado entre os meses de janeiro e fevereiro de 2024

O projeto de Avaliação de Impacto ao Patrimônio Arqueológico foi realizado nas áreas de influência das obras de restauração e ampliação de capacidade, de uma importante rodovia da região Centro-Sul paranaense.

A região, que se insere no domínio ambiental dos Campos de Guarapuava, recentemente foi objeto de outros estudos desenvolvidos pela Espaço Arqueologia, que envolveram o mapeamento e a escavação de sítios arqueológicos pré-coloniais associados às populações de caçadores-coletores e aos povos Jê Meridionais e Guarani.

Tais estudos, também realizados no âmbito de processos de licenciamento de empreendimentos, situados nos municípios de Pitanga, Turvo e Guarapuava, serviram como referência para a preparação e condução das atividades de avaliação de impacto, nas áreas de influência das obras que visam a melhoria da rodovia.

Foram obtidas informações sobre padrões de assentamento, tipologia de sítios, e características sobre a cultura material que compõe os contextos arqueológicos, que nortearam a pesquisa atual. Dentre as tipologias de sítio, pode-se destacar três: as estações de obtenção de matéria-prima, os acampamentos e os monumentos cerimoniais.

Os sítios Rio Coutinho (Guarapuava) e Rio Marrequinha 1 (Pitanga) são exemplos de estações de obtenção de matéria-prima para a produção de artefatos líticos. Esses sítios podem ser encontrados em topos de morro e em bases de vertente, em locais onde afloram na superfície, rochas apropriadas para o lascamento.

Os acampamentos são bem caracterizados pelos sítios Turvo 1, Turvo 2 e Turvo 3. Esses sítios estão localizados nos topos dos morros, nas proximidades das nascentes e banhados de elevação. Nos sítios Turvo 1 e Turvo 3, foram encontradas concentrações de cerâmica Itararé-Taquara; já no sítio Turvo 2, além da cerâmica Itararé-Taquara, também foram identificados fragmentos de cerâmica Tupiguarani, indicando contato entre as populações Jê e Guarani.

Os monumentos são representados pelos ‘danceiros’, tal como o que compõe o sítio Faxinal da Boa Vista (Turvo). Os ‘danceiros’ são caracterizados como círculos construídos a partir da movimentação de terra, e podem atingir centenas de metros de diâmetro. Geralmente estão implantados no topo dos morros e, no seu centro, podem ser encontrados fragmentos de cerâmica Itararé-Taquara.

É importante mencionar que os sítios arqueológicos citados estão implantados em terrenos semelhantes àqueles transpassados pela rodovia e, por isso, é importante que estudos preventivos sejam executados nas áreas que margeiam a pista atual e que, de alguma forma, serão impactadas pelas obras previstas.

Dessa forma, para verificar a existência de sítios ou evidências arqueológicas como essas citadas, a equipe realizou caminhamentos sistemáticos e escavações de poços-teste nas áreas de influência do empreendimento, além de conversar com moradores locais. Como resultado das pesquisas, não foram identificadas evidências ou sítios arqueológicos nas áreas investigadas.

Para o arqueólogo coordenador do projeto, Valdir Luiz Schwengber “a execução de estudos em empreendimentos lineares de grande extensão requerem da equipe esforços voltados à análise integrada dos elementos da paisagem e dos dados arqueológicos disponíveis.” O arqueólogo complementa afirmando que “o fato de já termos desenvolvido ao menos uma dezena de estudos na região nos permitiu sermos mais assertivos na definição das áreas de maior potencial arqueológico e na aplicação da metodologia mais adequada para um estudo como esse, que envolve diferentes compartimentos topográficos e ambientais.”

Vale ressaltar que os estudos realizados visam o atendimento ao Art. 20 da Instrução Normativa IPHAN ne 01/2015 e representam o cumprimento da Lei n° 3924/61, que versa sobre a proteção do Patrimônio Arqueológico brasileiro.
SOLICITE ORÇAMENTO