Por meio de poços-teste e perfis evidenciados em barrancos, foi possível constatar que a área é composta por uma camada de solo preto e areno-argiloso (característico de fundo de lagoa), uma camada inferior de areia branca, depositada em ambiente de praia e, mais abaixo, uma densa camada de conchas.
A presença de conchas fez com que, em um primeiro momento, se considerasse a possibilidade de se tratarem de áreas de Sambaquis: sítios arqueológicos compostos por acúmulos de conchas e restos de alimentos, artefatos e sepultamentos. Porém, após um olhar mais apurado somado às análises de laboratório feitos a partir das amostras coletadas, concluiu-se que se tratam de depósitos naturais de conchas.
Dado o histórico de seguidas variações do nível do mar, é comum a presença desses depósitos no subsolo dos terrenos de Araquari, São Francisco do Sul e Joinville. Da mesma forma, é comum a presença de sítios Sambaquis, visto que as populações humanas, acompanhando esse movimento de transformação da paisagem, desenvolveram estratégias de aproveitamento desses ambientes lagunares e marinhos, os quais, assim como hoje, são importantes fontes de recurso alimentar.
Num cenário onde depósitos naturais de conchas e sambaquis dividem o mesmo território, o arqueólogo coordenador de campo Raul Viana Novasco destaca: “É fundamental que estudos de arqueologia preventiva sejam realizados em áreas que serão impactadas por empreendimentos de qualquer natureza, já que o conhecimento produzido pela Arqueologia do litoral catarinense, junto a dados da Geologia do Holoceno, permite esclarecer se determinadas áreas que serão destinadas para atividades econômicas possuem sambaquis ou se podem ser utilizadas sem que sejam gerados danos ao Patrimônio Arqueológico”.