Ao consultar a base de dados do CNSA/IPHAN no site eletrônico hospedado na página do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, verifica-se que, para o município de Araucária, há 12 sítios mapeados, sendo que os registros se referem a sítios arqueológicos pré-coloniais e históricos.
Os sítios pré-coloniais são, em geral, compostos exclusivamente por materiais líticos ou por associações de materiais líticos com conjuntos de cerâmica, dispostos em superfície, ou no interior de estruturas subterrâneas. Estes registram a ocorrência de um processo de ocupação que se inicia há milhares de anos com populações de caçadores-coletores e que, a partir do século V da nossa era, passa a ser empreendido por populações de horticultores.
O sítio Bracatingal, mapeado por Igor Chmyz no município de Araucária, está associado às populações caçadoras-coletoras, que ocuparam a região até, aproximadamente, 2 mil anos Antes do Presente, quando tem início o processo de ocupação pelos povos Jê Meridionais, cuja cultura material é conhecida na arqueologia como Tradição Itararé-Taquara. Considera-se sítios típicos desta tradição as estruturas subterrâneas, conhecidas popularmente por “buracos de bugre” (comuns na região de Araucária); as aldeias a céu aberto contendo fragmentos cerâmicos; e os abrigos com pinturas e gravuras rupestres.
Assim como os grupos da tradição Itararé-Taquara (Jês), os grupos da tradição Tupiguarani, ceramistas e horticultores, ocuparam quase todo o território do atual estado do Paraná. O professor Igor Chmyz noticia a identificação de quatro sítios Tupiguarani na região do Rio Passaúna, entre os municípios de Araucária e Campo Largo. De acordo com o pesquisador, os sítios associados a essas populações geralmente apresentam fragmentos cerâmicos maiores, mais espessos e com tratamentos de superfície e decorações variadas.
Os sítios históricos, por sua vez, são testemunhos dos processos culturais que ocorreram após o século XVII, quando tem início a colonização dos Campos de Curitiba. A cultura material encontrada em sítios arqueológicos históricos registra as opções e variações tecnológicas dos artefatos, instrumentos e utilitários que compunham o arcabouço de ferramentas do cotidiano das primeiras comunidades europeias que ocuparam a região. Essa cultura material, classificada como Tradição Neobrasileira, além de se referir às populações que passaram a ocupar esta região mais recentemente, resulta da miscigenação desses grupos com os povos indígenas – nativos da região – e afrodescendentes – trazidos como escravos.
Segundo o professor Igor Chmyz, nos sítios da tradição Neobrasileira mapeados no Projeto Passaúna, é possível identificar elementos de trocas culturais, uma vez que constatou-se mudanças tecnológicas na cerâmica Tupiguarani, ao mesmo tempo em que, nas vilas e povos associados às primeiras comunidades pecuaristas, a ausência de determinados elementos construtivos indica a utilização de técnicas de construção próprias dos indígenas, para o estabelecimento das casas.
No intuito de contribuir para o incremento deste panorama cronológico e cultural que vem se estabelecendo para a região, e garantir a salvaguarda e a valorização do patrimônio arqueológico, o programa de Avaliação de Impacto ao Patrimônio Arqueológico na área de implantação do condomínio residencial Província da Síria foi executado a partir de intervenções superficiais e subsuperficiais, em vias de verificar a existência de sítios arqueológicos na sua área de instalação.
Como resultado, nenhum vestígio arqueológico foi encontrado na área do empreendimento, contudo, destaca-se a importância do desenvolvimento de Programas de investigação como este, que prezam pela salvaguarda, preservação e valorização do patrimônio cultural do Brasil.