Pesquisa arqueológica leva equipe até o Mato Grosso

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Vale do rio Papagaio é cenário de avaliação de impacto ao patrimônio arqueológico

O rio Papagaio tem sua nascente encravada nas terras altas da Chapada dos Parecis no Estado do Mato Grosso e percorre seu curso até desaguar no rio Juruena. Ao longo do tempo, juntamente com outros fatores, o fluxo das águas do rio Papagaio contribuiu para esculpir as formas do relevo que caracterizam a paisagem em seu entorno, formando cachoeiras e vales.

Para a arqueologia, estas características da paisagem representam potenciais locais para o assentamento ou o desenvolvimento de atividades humanas como a caça, a pesca e a coleta. Os remanescentes destas atividades, quando existentes, compõem os sítios arqueológicos, os quais por sua vez são objetos de estudos da arqueologia.

No Mato Grosso as evidências da presença humana são datadas de pelo menos 10.000 mil anos atrás, como atestam os vestígios arqueológicos encontrados em sítios como Santa Elina, no município de Jangada, e Abrigo do Sol, na região do Alto Guaporé. Estas ocupações humanas são caracterizadas, em termos arqueológicos, pela presença de artefatos líticos produzidos a partir de técnicas de lascamento, como raspadores, furadores, facas, lâminas de machado e, em menor quantidade, as pontas de projétil. As pesquisas arqueológicas indicam que tais artefatos foram produzidos por grupos caçadores-coletores, que teriam ocupado esta região quando o clima era mais seco e frio do que atualmente.

Por volta da Era Cristã (entre 2.500 e 2.000 anos atrás) notam-se, nos vestígios arqueológicos, a presença de outros elementos da cultura material que caracterizam este período como sendo o período de desenvolvimento da horticultura. Ainda não existem dados arqueológicos que permitam afirmar se as técnicas de plantio e domesticação de plantas foram desenvolvidas pelos povos que já ocupavam esta área, ou se estes conhecimentos foram trazidos por povos advindos de outras regiões. O que se sabe, contudo, é que esta mudança na economia dos grupos que habitaram a região centro-oeste, neste período, foi fortemente marcada pelo domínio da tecnologia cerâmica, que por sua vez, está intimamente ligada às práticas de produção de alimentos.

Outro elemento importante que caracteriza a arqueologia do Mato Grosso é a Arte Rupestre. Até o presente não há datações absolutas para definir a faixa de tempo em que estas manifestações foram deixadas nas paredes das rochas. O que se sabe é que os grupos que viveram no território mato-grossense produziram gravuras e pinturas de diferentes formas e tipologias, sendo hoje um patrimônio arqueológico marcante. Entre as formas existentes, destacam-se as antropomorfas (em formato de pessoas), as zoomorfas (em formato de animais, tais como, aves, répteis e grandes mamíferos) e as geométricas (representações diversas, podendo ser traços simples, círculos, retângulos e outras formas irregulares). No município de Jaciara, o sítio Perdidas destaca-se como um dos mais belos sítios de arte rupestre conhecidos no Mato Grosso.

Diante deste rico cenário, uma equipe de pesquisadores realizou a etapa de avaliação de impacto ao patrimônio arqueológico na área de implantação de uma central geradora hidrelétrica, a ser instalada no curso do rio Papagaio, no município de Sapezal, no Estado do Mato Grosso. A metodologia de pesquisa empregada em campo, consistiu na execução de caminhamentos para as verificações de superfície e a escavação de poços-teste com cavadeira articulada para as investigações da subsuperfície do terreno. Como resultado desta pesquisa, não foram encontrados vestígios arqueológicos nas áreas investigadas.

Outra ação realizada, prevista no projeto, consistiu na divulgação e esclarecimento sobre a pesquisa arqueológica junto à comunidade local. Desta forma, os pesquisadores visitaram alguns moradores sediados no município de desenvolvimento desta pesquisa, primando sempre pelos protocolos de saúde em função da pandemia. Nestas conversas, os pesquisadores falaram sobre os bens culturais acautelados no Estado do Mato Grosso, os quais são protegidos por lei, como os sítios caçadores-coletores, sítios cerâmicos e de arte rupestre, cadastrados em pesquisas já realizadas, assim como, sobre as atividades de pesquisa que estavam sendo realizadas na região. Aos participantes das atividades educativas, foram distribuídos materiais informativos constituídos por dois folders, sendo o primeiro composto por informações relacionadas ao desenvolvimento das pesquisas arqueológicas no âmbito do licenciamento ambiental de empreendimentos; e o segundo folder com informações referentes aos tipos de sítios arqueológicos encontrados no Estado do Mato Grosso.
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