Numa paisagem de transição do planalto serrano para o litoral, a encosta da serra catarinense apresenta um longo histórico de ocupação humana, remontando aos grupos caçadores-coletores e depois aos grupos indígenas de matriz linguística macro-Jê, mais especificamente os Xokleng, grupos que entraram em contato com os colonizadores. Esse conhecimento histórico só foi possível graças às diversas pesquisas arqueológicas já realizadas, resultando em grande número de sítios arqueológicos registrados na região.
Neste cenário, uma equipe da Espaço Arqueologia executou a fase de Avaliação de Impacto ao Patrimônio Arqueológico na área de extração de areia no leito do rio Capivari, empreendimento a ser instalado entre os municípios de Armazém e São Martinho. Antes de ir à campo, a equipe envolvida, liderada pelo arqueólogo coordenador de campo, precisa conhecer a área a ser pesquisada. Para isso são necessárias diversas fontes de informação, como: projeto de pesquisa, mapas, relatórios de pesquisas já realizadas na mesma área, livros, além do estudo da legislação pertinente às ações a serem realizadas. Nesta parte, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) colabora com a disponibilização de documentos que auxiliam na pesquisa. E neste caso em específico, o IPHAN de Santa Catariana contribuiu com informações referentes a existência de registro de materiais arqueológicos nas imediações da área da pesquisa.
Com base nessas informações, os arqueólogos foram à campo onde empregou a metodologia prevista no projeto, composta pela execução de linhas de caminhamento e a escavação de poços-teste sobre todas as áreas que compõem a poligonal do empreendimento. Como resultado, a equipe identificou e delimitou um local com vestígios arqueológicos dispersos sobre a superfície de uma área com aproximadamente 1600 m². Ali foram identificados artefatos líticos e material lascado, sendo o quartzo a principal matéria-prima utilizada para a produção das ferramentas.
Nomeado São Martinho 01, o sítio arqueológico foi encontrado disperso sobre a superfície de um topo de colina a cerca de 50 metros do leito do rio Capivari. No momento, a pesquisa está em fase de elaboração do relatório para posterior apresentação ao IPHAN-SC.
Por meio desta matéria, publicada nas mídias sociais, a equipe de pesquisa vem socializar estes resultados com toda a comunidade, como uma forma de divulgar a pesquisa realizada neste momento de isolamento social.