Pesquisa arqueológica no vale do Rio Chapecó, no oeste catarinense

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Área de futuro aproveitamento hidrelétrico é objeto de estudos preventivos.

Ao longo do primeiro trimestre de 2023, a Espaço Arqueologia atuou no programa de Avaliação de Impacto ao Patrimônio Arqueológico de um empreendimento hidrelétrico, projetado para ser instalado no curso do Rio Chapecó. Os resultados das etapas de pesquisas bibliográficas e trabalhos de campo, demonstraram que a área, assim como toda a região, possui alto potencial arqueológico.

Apesar de novos sítios arqueológicos não terem sido mapeados, alguns vestígios isolados (materiais líticos lascados) foram encontrados pela equipe. A identificação desses materiais, assim como o contexto revelado pelas pesquisas bibliográficas, reforça a relevância dessa região para a arqueologia de Santa Catarina.

O Rio Chapecó é um dos principais cursos hídricos da região oeste catarinense. Com suas nascentes na região dos campos de Palmas e foz na margem direita do rio Uruguai, esse rio integra um território que, desde os tempos pré-coloniais, vem sendo densamente ocupado por populações humanas.

Estudos desenvolvidos recentemente pela equipe do Centro de Memória do Oeste de Santa Catarina (CEOM-UNOCHAPECÓ) em parceria com o Le Muséum national d'Histoire naturelle (Museu de História Natural de Paris), indicam que populações de caçadores-coletores já ocupavam essa região há, pelo menos, 11 mil anos. Além dos caçadores-coletores, outros grupos ocuparam essa região em períodos diferentes.

Em pesquisas no município de Passos Maia, a equipe da Espaço Arqueologia escavou casas subterrâneas e identificou sítios cerâmicos vinculados aos povos Jê Meridionais. Uma das casas subterrâneas escavada foi datada em 1140 anos Antes de Presente (AP), demonstrando que esses povos, ancestrais dos Kaingangs e Xoklengs, já habitavam a região há bastante tempo.

Já nas imediações da foz do Chapecó, são encontrados vários sítios arqueológicos associados aos povos Guarani, que possuem datas mais recentes (por volta de 700 anos AP), mas indicam significativa densidade populacional.

A complexidade do processo de ocupação da região se estende para os tempos mais recentes, com a chegada dos primeiros colonizadores e a intensificação das disputas por esse território entre diferentes povos.

Tais dinâmicas de ocupação, assim como diferentes aspectos da cultura das diferentes populações que já viveram na região, somente podem ser discutidos a partir do estudo sobre os remanescentes arqueológicos e aprofundamento de pesquisas etno-históricas. Por isso, a execução de programas de pesquisa vinculados aos processos de Licenciamento Ambiental é fundamental, pois, ao mesmo tempo em que se promove a valorização e salvaguarda do Patrimônio Arqueológico, avança-se na produção e disseminação do conhecimento.
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