A região do litoral sul de Santa Catarina é, em termos arqueológicos, uma das mais bem conhecidas do Estado. Pesquisas, a partir de abordagens e objetivos distintos, têm sido desenvolvidas desde as últimas décadas do século XIX. O foco principal destas pesquisas são os sítios arqueológicos do tipo sambaqui, negligenciando, de certa forma, os demais sítios que denotam o processo de ocupação pré-colonial empreendido por diferentes populações.
Assim como alguns tipos de sítios, regiões também foram deixadas de lado ao longo do processo de construção do conhecimento arqueológico até que tivessem início as pesquisas vinculadas à arqueologia preventiva. Em Morro da Fumaça, Santa Catarina, por exemplo, as pesquisas arqueológicas foram realizadas apenas no âmbito dos processos de licenciamento cultural, o que se reflete na ínfima densidade de informações que se tem disponível a respeito da ocupação pré-colonial local.
Em geral, tais pesquisas são desenvolvidas em áreas de interesse para atividade de extração de argila, como a localidade de Linha Torrens, onde, recentemente, a equipe da Espaço Arqueologia desenvolveu o projeto de Avaliação de Impacto ao Patrimônio Arqueológico na área de implantação da unidade de extração de argila Linha Torrens. Nesta localidade, ao menos três outros projetos de pesquisa foram desenvolvidos por outras instituições de pesquisa (UNESC e UNISUL), mas, em nenhum destes, algum sítio arqueológico foi identificado.
Mesmo sem a identificação de sítios arqueológicos nestes projetos, tornar público os seus resultados permitem a obtenção de informações relevantes para a construção de padrões de assentamento para esta localidade. Antes pouco efetiva, dado o restrito acesso que se tinha sobre os relatórios de pesquisa, a consulta só poderia ser feita presencialmente nos arquivos das Superintendências do IPHAN de Santa Catarina. Agora, com a implantação do Sistema Eletrônico de Informações (SEI), toda a documentação produzida nos processos transcorridos recentemente no IPHAN está disponível para consulta e download, o que contribui em muito para a divulgação das pesquisas arqueológicas.
Assim, logo que protocolado na Superintendência do IPHAN em Santa Catarina, o relatório referente às pesquisas desenvolvidas pela Espaço Arqueologia na unidade de extração Linha Torrens estará disponível para acesso e download. Mesmo que não tenham sido identificados sítios arqueológicos no âmbito da pesquisa, o conteúdo constante neste relatório configura-se como uma contribuição à arqueologia regional.
Ademais, em ocasião da Avaliação de Impacto ao Patrimônio Arqueológico na área de implantação da unidade de extração de argila Linha Torrens, Município de Morro da Fumaça, atividades de extroversão foram realizadas em escola e junto a moradores da localidade.