Pesquisadores da Espaço Arqueologia executaram em campo o Projeto de Avaliação de Impacto ao Patrimônio Arqueológico na área de implantação da proposta PCH Guarani, empreendimento do setor hidrelétrico, à ser instalado no município de Xanxerê, região oeste do Estado de Santa Catarina. Nesta região, os aspectos da paisagem, estão relacionados à serra geral, com formações geomorfológicas pertencentes ao grupo geológico São Bento, o qual é compreendido basicamente por rochas vulcânicas e vulcanismos basálticos, de relevo acentuado. A área em estudo está compreendida na bacia do rio Uruguai, mais precisamente no curso do rio Chapecozinho.
No histórico das pesquisas arqueológicas já desenvolvidas na região do município de Xanxerê, consta o registro de três sítios arqueológicos, sendo dois sítios líticos associados aos grupos caçadores-coletores e, um sítio associado aos povos Jê Meridional, portadores da Tradição Itararé-Taquara.
Na etapa de avaliação de impacto ao patrimônio arqueológico, o objetivo principal consiste na realização de ações para avaliar a possibilidade de geração de impactos ao patrimônio arqueológico em virtude da instalação do empreendimento. Neste caso, a metodologia de pesquisa prevista no projeto foi aplicada em campo por meio da execução de linhas de caminhamento e a escavação de poços-teste para a verificação da superfície e da subsuperfície do terreno. Como resultado das atividades de pesquisa de campo, nenhum vestígio arqueológico foi identificado, sendo assim, a instalação deste empreendimento não representa riscos ao patrimônio arqueológico, uma vez que passou pelo correto tratamento de pesquisa, tornando-se sustentável a sua implantação.
Paralelo as atividades de campo, foram realizadas ações de divulgação da pesquisa junto aos moradores sediados nas áreas próximas ao empreendimento, assim como, junto à Secretaria de Educação e a Casa da Cultura do município de Xanxerê. Nestas atividades foram prestadas informações sobre a arqueologia de modo geral e sobre a necessidade de realização da pesquisa, bem como, foram entregues os materiais didático-informativos compostos por folders com conteúdos relacionados as etapas da pesquisa arqueológica e sobre o modo de vida dos principais grupos humanos que habitaram o planalto meridional brasileiro antes do contato com os europeus, em especial, o grupo étnico Kaingang, o qual habita esta região desde tempo remotos, ocupando atualmente, as terras indígenas existentes neste espaço geográfico (TI Xapecó), juntamente com outras etnias indígenas.
Estas ações objetivaram a promoção da socialização dos resultados das pesquisas arqueológicas junto à comunidade, despertando o interesse pelo tema, a necessidade de preservação do patrimônio arqueológico e o respeito à diversidade étnica e cultural.