Paleoíndios litorâneos marcaram o início da ocupação humana na paisagem da região da Baía da Babitonga. Com modo de vida adaptado ao ambiente marinho lagunar e modelo econômico pescador-coletor-caçador, estes grupos são responsáveis pela construção de enormes sambaquis, até sítios com poucos centímetros de profundidade. Sambaquis são monumentos formados pelo acúmulo de conchas, onde são encontrados vestígios de alimentação, fogueiras, e enterramentos humanos.

Neste contexto está o Sambaqui Monte de Trigo, que apresenta características pouco comuns para este tipo de sítio arqueológico. Com datação de 6.300±980 antes do presente, é um dos mais antigos do litoral norte de Santa Catarina, tendo sido submerso pela última grande transgressão marinha, que ocorreu por volta de 5 mil e quinhentos anos antes do presente. Neste período, o nível do mar se elevou, cobrindo o sítio com sedimento de fundo de lagoa.

“Além das informações a respeito desses grupos humanos e suas interações com a paisagem, por meio da pesquisa foram levantadas novas perspectivas sobre os processos de formação envolvidos em contextos arqueológicos litorâneos e os processos naturais que dificultam seu reconhecimento”, afirma o arqueólogo Thiago Vieira Torquato.

A identificação do sambaqui ocorreu durante as atividades de monitoramento arqueológico da obra de duplicação da BR-280, no trecho São Francisco do Sul – Jaraguá do Sul. O resultado evidencia a importância do trabalho de monitoramento arqueológico, mesmo em áreas inicialmente identificadas como de baixo potencial arqueológico, como é o caso dos fundos de lagoas. Assim, é possível evitar a destruição de uma importante fonte de informações sobre o nosso passado.

A divulgação dos resultados das pesquisas no Sambaqui Monte de Trigo ocorreu por meio do Webinar Arqueologia do Litoral Norte de Santa Catarina e o Sambaqui Monte de Trigo, transmitido ao vivo no Facebook da Espaço Arqueologia. Para assistir, clique no link a seguir: https://fb.watch/2T9zedaOdA/